A IRA DE UMA MULHER
Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias.
De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um
relâmpago; notando algo de diferente no animal, Ogum tratou de segui-lo.
O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu
sua pele, transformando-se numa linda mulher.
Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de
cobre.
Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e
escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que
Ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa,
guardando-a em seu celeiro.
Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa.
Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa.
Retornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o
que procurava.
Em troca de seu segredo, Iansã foi obrigada a se casar com ele,
com certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto
com qualquer pessoa.
Chegando em casa, Ogum explicou suas outras esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la.
Chegando em casa, Ogum explicou suas outras esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la.
Tudo corria bem, enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava
o dia procurando sua trouxa.
Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis.
Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis.
Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou
relatando o mistério que envolvia Iansã.
Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: -Você pode
beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um
animal.
Iansã compreendeu a alusão.
Encontrou então sua pele e seus chifres.
Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus
filhO
AGRICULTOR
Ogum andava
aborrecido no Orum, queria voltar ao Aiê e ensinar aos homens tudo aquilo que
aprendera.
Mas ele desejava ser
ainda mais forte e poderoso, para ser por todos admirado por sua autoridade.
Foi consultar Ifá,
que lhe recomendou um ebó para abrir os caminhos.
Ogum providenciou
tudo antes de descer ao Aiê.
Em pouco tempo foi
reconhecido por seus feitos.
Cultivou a terra e
plantou, fazendo com que dela o milho e o inhame brotassem em abundância.
Ogum ensinou aos
homens a produção do alimento, dando-lhes o segredo da colheita, tornando-se
assim o patrono da agricultura.
Ensinou a caçar e a
forjar o ferro.
Por tudo isso foi
aclamado rei de irê, o Onirê.
Ogum é aquele a quem
pertence tudo de criativo no mundo, aquele que tem uma casa onde todos podem
entrar.
ALTERNATIVA
Certa feita, numa
reunião com todos os Imalés, falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os
homens, sobre Orunmilá, o dono do destino dos seres humanos. Sobre Bará
disseram que era um importante mensageiro, e sobre Ogum, que era o mais
importante de todos, que era o dono do ferro e dos metais e que sem as
ferramentas que ele fazia era impossível plantar, colher, construir ou fazer a
guerra.
Todos o
reverenciaram, menos Nanã Buruku.
APRENDIZ
Bará era um menino
muito esperto, todo mundo tinha receio de suas artimanhas, ele enganava todo
mundo, queria sempre tirar sua vantagem.
Sua mãe sempre o
repreendia e o amarrava no portão da casa para ele não ir a rua fazer
traquinagens.
Bará ficava ali na
porta, esperando alguém se aproximar e então pedia seus favores, fazia suas
artes e ali se divertia.
Só deixava passar
quem lhe desse alguma coisa.
Sua mãe então chamou
Ogum e disse a ele para ficar junto com Bará e dele tomar conta.
Ogum era responsável
e trabalhador.
Ogum Avagã sempre
ficou morando com Bará, na rua.
Juntos eles moram na
porta da casa e se dão bem.
Bará continuou um
menino danado, mas com Ogum aprendeu a trabalhar.
CASA MARCADA
Um pobre homem
peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, ora noutra plantação.
Mas os donos da terra
sempre o despediam e se apoderavam de tudo o que ele construía.
Um dia esse homem foi
a um babalaô, que o mandou fazer um ebó na mata.
Ele juntou o material
e foi fazer o despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ogum, o dono da
mata, foi ver o que ocorria.
O homem, então,
deu-se conta da presença de Ogum e caiu a seus pés, implorando seu perdão por
invadir a mata.
Ofereceu-lhe todas as
coisas boas que ali estavam.
Ogum aceitou e
satisfez-se com o ebó.
Depois conversou com
o peregrino, que lhe contou por que estava naquele lugar proibido. Falou-lhe de
todos os seus infortúnios.
Ogum mandou que ele
desfiasse folhas de dendezeiro, mariwo, e as colocasse nas portas das casas de
seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogum
destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria destruído até o chão.
E assim se fez.
Ogum destruiu tudo,
menos as casas protegidas pelo mariwo.
COROAÇÃO
Xangô ávido por tomar
a coroa de OGUM, deu a este um sonífero no café e correu ao lugar onde a cerimônia
ia ter lugar.
Ali Iemanjá mandou
apagar a luz para começar a cerimônia.
Xangô aproveitando a
escuridão, cobriu-se com uma pele de ovelha e sentou-se no trono.
A pele de ovelha
servia para parecer-se com Ogum na hora em que a mãe o coroasse, já que Ogum
por ser primogênito é tido como homem pré-histórico coberto por pêlos. Depois
que Iemanjá colocou a coroa sobre sua cabeça e as luzes voltaram, todo mundo
viu que era Xangô e não Ogum, mas já era tarde demais para voltar atrás.
CUMPLICIDADE
Oxum estava casada
com Ogum, mas Xangô a tinha visto e se enamorado dela; seguia-a por toda a
parte, esperando o momento de encontra-la à sós num local deserto.
O dia chegou e Xangô
excitado por tão longa espera, precipitou-se sobre ela para violentá-la.
Os caminhos pertencem
a Bará, e Bará surgiu a fim de separar o par amoroso. Mas não fez...
DESOBEDIÊNCIA
Odé era irmão de Ogum
e de Bará, todos os três filhos de Iemanjá.
Bará era
indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora.
Os outros dois filhos
se conduziam melhor.
Ogum trabalhava no
campo e Odé caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casas estava
sempre abastecida de produtos agrícolas e de caça.
Iemanjá, no entanto,
andava inquieta e resolveu consultar um babalaô.
Este lhe aconselhou
proibir que Odé saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossaim, aquele que
detém o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta.
Odé ficaria exposto a
um feitiço de Ossaim para obrigá-lo a permanecer em sua companhia. Iemanjá
exigiu então, que Odé renunciasse a suas atividades de caçador.
Este, porém, de
personalidade independente, continuou sua incursões à floresta.
Ele partia com outros
caçadores, e como sempre faziam, uma vez chegados junto a uma grande árvore
(ìrokò), separavam-se, prosseguindo isoladamente, e voltavam a encontrar-se no
fim do dia e no mesmo lugar.
Certa tarde, Odé não
voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos caçadores.
Ele havia encontrado
Ossaim e este lhe dera para beber uma poção onde foram maceradas certas folhas.
Ogum, inquieto com a
ausência do irmão, partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da
floresta.
Ele o trouxe, mas
Iemanjá não quis receber o filho desobediente. Ogum revoltado pela
intransigência materna recusou-se a continuar em casa.
DISFARSE
Um dia em uma festa,
onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e
dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo
movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele
o convidou a dançar, Omolú sem saber como reagir, tomou o caminho da mata,
nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata
à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e deu a Omolú.
Se sentido seguro por
ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar
e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se
aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás azé.
Omolú se dedicou a
conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o
grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que
causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.
Se sentindo seguro e
como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo.
Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar
e adormeceu. Foi acordando com uma vós que queria saber o por que de estar ali
dormindo e se necessitava de algo. A vós que o acordou era de um homem já
maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois
trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá
ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que
Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolu, com relação a cura das doenças
da pele. E, em baixo da Palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá
Lú Aiyé,
O Rei do Mundo, ou O
Rei da Terra.
FERRO VERSUS RAIOS
Antes de se tornar
mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum.
A aparência do deus
do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância, o garbo e o
brilho do deus do trovão.
Ela fugiu com Xangô,
e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar seu rival; mas este último foi à procura
de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que havia ofendido a Ogum.
Olodumaré interveio junto ao amante traído e recomendou-lhe que perdoasse a
afronta.
E explicou-lhe:
-Você, Ogum, é mais
velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua dignidade aos olhos
de Xangô e aos dos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar: deve
renunciar a Oiá sem recriminações.
Mas Ogum não foi
sensível a esse apelo, dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou
aos sentimentos de indulgência.
Não se resignou tão
calmamente assim, lançou-se à perseguição dos fugitivos e, trocou golpes de
varas mágicas com a mulher infiel, que foi, então, dividida em nove partes.
FRUTO
DE COLETA
Ogum chama a Morte
para ajuda-lo numa aposta com Xangô.
Ogum e Xangô nunca se
reconciliaram. Vez por outra digladiavam-se.
Por pura satisfação
do espírito belicoso dos dois.
Eram, os dois,
magníficos guerreiros. Certa vez Ogum propôs a Xangô uma trégua em suas lutas,
pelo menos até que a próxima lua chegasse.
Xangô fez alguns
gracejos, Ogum revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando assim sua
disputa permanente.
Ogum propôs que ambos
fossem a praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem.
Quem juntasse mais,
ganharia, e quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta.
Puseram-se de acordo.
Ogum deixou Xangô e
seguiu para a casa de Oiá, solicitando-lhe que pedisse a Iku que fosse à praia
no horário que tinha combinado com Xangô. Oiá, mas exigiu uma quantia em ouro
como pagamento, que recebeu prontamente.
Na manhã seguinte,
Ogum e Xangô apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento começou.
Cada um ia pegando os
búzios que achava. Vez por outra se entreolhavam.
Xangô cantarolava
sotaques jocosos contra Ogum. Ogum, calado, continuava a coleta.
O que Xangô não
percebeu foi a aproximação de Iku.
Ao erguer os olhos, o
guerreiro deparou com a morte, que riu de seu espanto.
Xangô soltou o saco
da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de Iku.
À noite Ogum procurou
Xangô, mostrando seu espólio.
Xangô, envergonhado,
abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta.
FÚRIA DO GUERREIRO
Ogum uma vez ao voltar de uma caçada não
encontrou vinho de palma e zangou-se de tal maneira que irado subiu a um monte
e gritou ferozmente do alto da montanha ou monte, cobrindo-se de sangue e fogo
e vestiu-se somente com o mariwo, esse Ogum furioso chamado agora de Xoroquê,
foi para longe para outros reinos, sempre furioso, guerreando, lutando,
invadindo e conquistando.
Com um comportamento
raivoso que muitos chegaram a pensar tratar-se de Exu zangado por não ter
recebido suas oferendas ou que ele tivesse se transformado num Exu.
Antes que ele
chegasse a Ire, um Oluwo que vivia lá recomendou aos habitantes que oferecessem
a Xoroquê, um Aja, Exu, e muito vinho de palma, também recomendou que, com o
corpo prostrado ao chão, em sinal de respeito recitassem os seus orikis, e tocadores
tocassem em seu louvor. Sendo assim todos fizeram o que lhes havia sido
recomendado só que o Rei não seguiu os conselhos, e quando Xoroquê chegou foi
logo matando o Rei, e antes que ele matasse a população eles fizeram o
recomendado e acalmaram Xoroquê, que se acalmou e se proclamou Rei de Ire sendo
assim toda vez que Xoroquê se zanga ele sai para o mundo para guerrear e
descontar sua ira chegando ate a ser considerado um Exu e quando retorna a Ire
volta a sua característica de Ogum guerreiro e vitorioso Rei de Ire.
NA MESMA MOEDA
Conta o mito que Oiá
disputava com o marido, Ogum o primeiro lugar em valentia.
Um belo dia, Oiá
convocou todas as mulheres na tarefa de pregar uma peça no senhor da guerra.
Para isto vestiram um
macaco com panos coloridos dos pés a cabeça e soltaram o animal no local onde
Ogum costumava passar. Quando Ogum viu o monstrengo correu, para deleite de Oiá
e das outras mulheres.
A façanha se repetiu
por 3 dias, encarregando-se Oiá de espalhar o ocorrido.
Após o terceiro dia
de susto Ogun resolveu consultar Orumilá, que o orientou a chegar no lugar dos
fatos 2 horas antes do horário costumeiro e se escondesse na mata. Cumprindo o
determinado pelo senhor da adivinhação Ogum colocou-se a espreita e viu todo o
ocorrido com indignação.
Jurou vingança,
furioso juntou os homens e deu o troco em Oiá e nas demais mulheres, com a
mesma moeda.
Vestiu um macaco do
mesmo jeito e esperou que elas chegassem. Não deu outra, elas saíram gritando
de medo e como punição as mulheres foram excluídas de participar do segredo do
culto dos Eguns.
PROFESSOR FERREIRO
Na Terra criada por
Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em
igualdade.
Todos caçavam e
plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole.
Por isso o trabalho
exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava
escassa.
Era necessário
plantar uma área maior.
Os orixás então se
reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar
a área de lavoura.
Ossaim, o orixá da medicina,
dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno.
Mas seu facão era de
metal mole e ele não foi bem sucedido.
Do mesmo modo que
Ossaim, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de
limpar o terreno para o plantio.
Ogum, que conhecia o
segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros Orixás
tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o
terreno.
Os Orixás, admirados,
perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão.
Ogum respondeu que
era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá.
Os Orixás invejaram
Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e
até mesmo à guerra.
Por muito tempo os
Orixás importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o
segredo só para si.
Os Orixás decidiram
então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre
aquele metal tão resistente.
Ogum aceitou a
proposta.
Os humanos também
vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro.
E Ogum lhes deu o
conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram
sua lança de ferro.
Mas, apesar de Ogum ter
aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa
ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada.
Quando voltou da
mata, estava sujo e maltrapilho.
Os Orixás não
gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram
destituí-lo do reinado.
Ogum se decepcionou
com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o
fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los.
Então Ogum banhou-se,
vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num
lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá
permaneceu. Os humanos que receberam de Ogun o segredo do ferro não o
esqueceram.
REI DE IRÊ
Quando Odudua reinava
em Ifé, mandou seu filho Ogum guerrear e conquistar os reinos vizinhos. Ogum
destruiu muitas cidades e trouxe para Ifé muitos escravos e riquezas,
aumentando de maneira fabulosa o império de seu pai.
Um dia, Ogum
lançou-se contra a cidade de Irê, cujo povo o odiava muito.
Ogum destruiu tudo, cortou
a cabeça do rei de Irê e a colocou num saco para dá-la a seu pai. Alguns
conselheiros de Odudua souberam do presente que Ogum trazia para o rei seu pai.
Os conselheiros disseram a Odudua que Ogum desejava a morte do próprio pai para
usurpar-lhe a coroa. Todos sabem que um rei deve ver a cabeça decapitada de
outro rei.
Ogun não conhecia
esse tabu.
Odudua imediatamente
enviou uma delegação para encontrar Ogum fora dos portões da cidade.
Após muitas
explicações, Ogum concordou em entregar a cabeça do rei de Irê aos mensageiros
de Odudua.
O perigo havia
acabado. Ogum fora encontrado antes de chegar ao palácio de seu pai.
Como Odudua queria
recompensar o seu filho mais querido, presenteou Ogum com o reino de Irê e
todos os prisioneiros e riquezas conquistadas naquela guerra.
RETOMADA
Odé é irmão de Ogum.
Num dia em que
voltava da batalha, Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de
inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a
atingir sua família e tomar suas terras.
Ogum vinha cansado de
outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais
forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada
de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu
os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre
que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.
Ogum então ensinou
Odé a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.
Odé aprendeu com o
irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil.
Ogum ensinou Odé a
defender-se por si próprio e a cuidar da sua gente.
Agora Ogum podia
voltar tranqüilo para a guerra.
Ogum como ferreiro
era casado com Oiá, que o ajudava com o fole enquanto o mesmo fazia as
ferramentas, ativa o fogo na forja.
Como ela levava as
ferramentas para Xangô e com sua elegância e glamour, fez com que Oiá se
apaixonasse por ele, ela o correspondia com olhares sensuais, acabando assim
por fugir com o mesmo. Ogum revoltado pelo abandono de Oiá, resolveu vingar-se.
Olodumaré o fez com
que lembrasse que era o Orixá mais velho e que era Pai de Oranian, Pai de Xangô
e que perdoasse.
Porém Ogum
contrariando tal ordem deixou dominar-se pelo ódio e pelo desejo de vingança e
foi procurar os fugitivos.
Ao encontrá-los, Oiá
atacou-o para defender seus ideais e os dois se atingiram um ao outro ao mesmo
tempo.
A espada de Ogum
partiu Oiá em nove pedaços e a espada de Oiá o atingiu cortando em sete, daí se
tomou Ogum Megê (sete) e Oya tornou-se Iyamésan (a mãe transformada em nove) -
que se liga a nove Orum.
TEMPESTADE
Oxaguian estava em
guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear.
Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguian pediu a seu amigo Ogum
urgência, mas o ferreiro já fazia o possível.
O ferro era muito
demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo.
Tanto reclamou
Oxaguian que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a
fabricação.
Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente.
Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente.
Logo Ogum pode fazer
muitas armas e com as armas Oxaguian venceu a guerra.
Oxaguian veio então
agradecer Ogum.
E na casa de Ogum
enamorou-se de Oiá.
Um dia fugiram
Oxaguian e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria.
Quando mais tarde
Oxaguian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá
teve que voltar a avivar a forja.
E lá da casa de
Oxaguian, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro
atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguian da de Ogum. E seu
sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo
caminho, até chegar às chamas com furor atiçava.
E o povo se acostumou
com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento.
E quanto mais a
guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá
a forja de Ogum.
Tão forte que às
vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando
cidades e aldeias.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.
TRANSFORMAÇÃO DOS ORIXÁS
Irocô era uma árvore,
muito importante, importante a valer.
Olofin determinou que
os orixás e Êres fossem cultuados pelos viventes, e eles saíram pelo mundo à
procura de seus filhos com isto haveria a aproximação do mundo dos encantados
com o das pessoas.
Irocô era muito
cultuado e trabalhava muito, perto de onde estavam havia uma feira cheia de
movimento, Irocô soprou e seu hálito em forma de vento que foi cair sobre a
cabeça da moça que vendia na feira, a moça começou a rodar a rodar, a rodar e
foi cair nos pés de Irocô, nascendo a primeira Locosi.
Isso quer dizer que
Irocô chega no axé, chega para dançar e ficar.
Todos os orixás
correram para o pé de Irocô, para uma grande junção, chegaram trazendo suas
comidas prediletas:
XANGÔ > levou
amalá.
OGUM>levou inhame
assado.
ODÉ> levou milho
amarelo.
OMULU>levou pipoca
e feijão preto.
OSSAIM>levou
farofa de mel de abelhas.
OXUMARÊ>levou
farofa de feijão.
OXALUFÃ>levou
milho branco.
OXAGUIÃ > levou
bolos de inhame cozido.
ORUMILÁ>levou
ossos.
BARÁ > chegou
correndo e levou cachaça. Ajoelhou-se nos pés de Irocô e jogou 3 pingos no
chão, cheirou 3 vezes e bebeu um pouco.
Neste momento IROCÔ
transformou-se em árvore. OGUM em cachorro.
ODÉ em vagalume.
OMULU em aranha.
OXALÁ em lesma.
OXUMARÊ em cobra.
XANGÔ em cágado.
...e as comidas
ficaram no pé da árvore.
VERDADE CRUEL
Ododuá chegando ao Àie, cria tudo o que era necessário e delega
poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem
a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente
concluído.
Orixalá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha
moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àie,
com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de Ododuá para o
Àie.
Quando Olófin retorna ao Àie, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a
ser o primeiro Oba do povo yorubano com o título de "Oba Óòni", ou
seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos
novos seres.
Durante todo este tempo, Ododuá que já estava casado com Ìyá
Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o
primogênito, a divindade Ogum e uma filha de nome Ìsèdélè.
O tempo passa, e Ododuá, que era uma divindade negra, porém
albina, incumbe seu filho Ogum de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé,
conter uma rebelião.
Ogum, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e
realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido.
Ora, Lakanje era espólio de Ododuá, o Óòni de lfé, portanto
intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ogum não
resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua
viagem de volta.
Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive
Lakanje, a seu pai Ododuá, que também não resistiu aos lindos encantos da
mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se.
Ogum nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após
o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.
Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a
pele de Ogum e metade branco, como a pele do albino Ododuá, revelando assim, a
traição de Ogum para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita
discussão entre Ododuá e Ogum, mas a principal foi "quem tinha
razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e
cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra
triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é
Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido.