Translate

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Algumas Lendas dos Orixas

                                 A IRA DE UMA MULHER



Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias.

De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, Ogum tratou de segui-lo.

O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher.

Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.

Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro.
Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa.

Retornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava.

Em troca de seu segredo, Iansã foi obrigada a se casar com ele, com certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.
Chegando em casa, Ogum explicou suas outras esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la.

Tudo corria bem, enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua trouxa.
Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis.

Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã.

Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: -Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal.

Iansã compreendeu a alusão.

Encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhO

   AGRICULTOR


Ogum andava aborrecido no Orum, queria voltar ao Aiê e ensinar aos homens tudo aquilo que aprendera.

Mas ele desejava ser ainda mais forte e poderoso, para ser por todos admirado por sua autoridade.

Foi consultar Ifá, que lhe recomendou um ebó para abrir os caminhos.

Ogum providenciou tudo antes de descer ao Aiê.

Em pouco tempo foi reconhecido por seus feitos.

Cultivou a terra e plantou, fazendo com que dela o milho e o inhame brotassem em abundância.

Ogum ensinou aos homens a produção do alimento, dando-lhes o segredo da colheita, tornando-se assim o patrono da agricultura.

Ensinou a caçar e a forjar o ferro.

Por tudo isso foi aclamado rei de irê, o Onirê.

Ogum é aquele a quem pertence tudo de criativo no mundo, aquele que tem uma casa onde todos podem entrar.



ALTERNATIVA


Certa feita, numa reunião com todos os Imalés, falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os homens, sobre Orunmilá, o dono do destino dos seres humanos. Sobre Bará disseram que era um importante mensageiro, e sobre Ogum, que era o mais importante de todos, que era o dono do ferro e dos metais e que sem as ferramentas que ele fazia era impossível plantar, colher, construir ou fazer a guerra.

Todos o reverenciaram, menos Nanã Buruku.




APRENDIZ
 

Bará era um menino muito esperto, todo mundo tinha receio de suas artimanhas, ele enganava todo mundo, queria sempre tirar sua vantagem.

Sua mãe sempre o repreendia e o amarrava no portão da casa para ele não ir a rua fazer traquinagens.

Bará ficava ali na porta, esperando alguém se aproximar e então pedia seus favores, fazia suas artes e ali se divertia.

Só deixava passar quem lhe desse alguma coisa.

Sua mãe então chamou Ogum e disse a ele para ficar junto com Bará e dele tomar conta.

Ogum era responsável e trabalhador.

Ogum Avagã sempre ficou morando com Bará, na rua.

Juntos eles moram na porta da casa e se dão bem.

Bará continuou um menino danado, mas com Ogum aprendeu a trabalhar.









CASA MARCADA





Um pobre homem peregrinava por toda parte, trabalhando ora numa, ora noutra plantação.

Mas os donos da terra sempre o despediam e se apoderavam de tudo o que ele construía.

Um dia esse homem foi a um babalaô, que o mandou fazer um ebó na mata.

Ele juntou o material e foi fazer o despacho, mas acabou fazendo tal barulho que Ogum, o dono da mata, foi ver o que ocorria.

O homem, então, deu-se conta da presença de Ogum e caiu a seus pés, implorando seu perdão por invadir a mata.

Ofereceu-lhe todas as coisas boas que ali estavam.

Ogum aceitou e satisfez-se com o ebó.

Depois conversou com o peregrino, que lhe contou por que estava naquele lugar proibido. Falou-lhe de todos os seus infortúnios.

Ogum mandou que ele desfiasse folhas de dendezeiro, mariwo, e as colocasse nas portas das casas de seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogum destruiria a cidade de onde vinha o peregrino. Seria destruído até o chão.

E assim se fez.

Ogum destruiu tudo, menos as casas protegidas pelo mariwo.



COROAÇÃO



Xangô ávido por tomar a coroa de OGUM, deu a este um sonífero no café e correu ao lugar onde a cerimônia ia ter lugar.

Ali Iemanjá mandou apagar a luz para começar a cerimônia.

Xangô aproveitando a escuridão, cobriu-se com uma pele de ovelha e sentou-se no trono.

A pele de ovelha servia para parecer-se com Ogum na hora em que a mãe o coroasse, já que Ogum por ser primogênito é tido como homem pré-histórico coberto por pêlos. Depois que Iemanjá colocou a coroa sobre sua cabeça e as luzes voltaram, todo mundo viu que era Xangô e não Ogum, mas já era tarde demais para voltar atrás.





CUMPLICIDADE



Oxum estava casada com Ogum, mas Xangô a tinha visto e se enamorado dela; seguia-a por toda a parte, esperando o momento de encontra-la à sós num local deserto.

O dia chegou e Xangô excitado por tão longa espera, precipitou-se sobre ela para violentá-la.

Os caminhos pertencem a Bará, e Bará surgiu a fim de separar o par amoroso. Mas não fez...





DESOBEDIÊNCIA





Odé era irmão de Ogum e de Bará, todos os três filhos de Iemanjá.

Bará era indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora.

Os outros dois filhos se conduziam melhor.

Ogum trabalhava no campo e Odé caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casas estava sempre abastecida de produtos agrícolas e de caça.

Iemanjá, no entanto, andava inquieta e resolveu consultar um babalaô.

Este lhe aconselhou proibir que Odé saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossaim, aquele que detém o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta.

Odé ficaria exposto a um feitiço de Ossaim para obrigá-lo a permanecer em sua companhia. Iemanjá exigiu então, que Odé renunciasse a suas atividades de caçador.

Este, porém, de personalidade independente, continuou sua incursões à floresta.

Ele partia com outros caçadores, e como sempre faziam, uma vez chegados junto a uma grande árvore (ìrokò), separavam-se, prosseguindo isoladamente, e voltavam a encontrar-se no fim do dia e no mesmo lugar.

Certa tarde, Odé não voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos caçadores.

Ele havia encontrado Ossaim e este lhe dera para beber uma poção onde foram maceradas certas folhas.

Ogum, inquieto com a ausência do irmão, partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta.

Ele o trouxe, mas Iemanjá não quis receber o filho desobediente. Ogum revoltado pela intransigência materna recusou-se a continuar em casa.





DISFARSE



Um dia em uma festa, onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele o convidou a dançar, Omolú sem saber como reagir, tomou o caminho da mata, nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e deu a Omolú.

Se sentido seguro por ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás azé.

Omolú se dedicou a conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.

Se sentindo seguro e como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo. Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar e adormeceu. Foi acordando com uma vós que queria saber o por que de estar ali dormindo e se necessitava de algo. A vós que o acordou era de um homem já maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolu, com relação a cura das doenças da pele. E, em baixo da Palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá Lú Aiyé,

O Rei do Mundo, ou O Rei da Terra.





FERRO VERSUS RAIOS



Antes de se tornar mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum.

A aparência do deus do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância, o garbo e o brilho do deus do trovão.

Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar seu rival; mas este último foi à procura de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que havia ofendido a Ogum. Olodumaré interveio junto ao amante traído e recomendou-lhe que perdoasse a afronta.

E explicou-lhe:

-Você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua dignidade aos olhos de Xangô e aos dos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar: deve renunciar a Oiá sem recriminações.

Mas Ogum não foi sensível a esse apelo, dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou aos sentimentos de indulgência.

Não se resignou tão calmamente assim, lançou-se à perseguição dos fugitivos e, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiel, que foi, então, dividida em nove partes.




FRUTO DE COLETA




Ogum chama a Morte para ajuda-lo numa aposta com Xangô.

Ogum e Xangô nunca se reconciliaram. Vez por outra digladiavam-se.

Por pura satisfação do espírito belicoso dos dois.

Eram, os dois, magníficos guerreiros. Certa vez Ogum propôs a Xangô uma trégua em suas lutas, pelo menos até que a próxima lua chegasse.

Xangô fez alguns gracejos, Ogum revidou, mas decidiram-se por uma aposta, continuando assim sua disputa permanente.

Ogum propôs que ambos fossem a praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem.

Quem juntasse mais, ganharia, e quem perdesse daria ao vencedor o fruto da coleta.

Puseram-se de acordo.

Ogum deixou Xangô e seguiu para a casa de Oiá, solicitando-lhe que pedisse a Iku que fosse à praia no horário que tinha combinado com Xangô. Oiá, mas exigiu uma quantia em ouro como pagamento, que recebeu prontamente.

Na manhã seguinte, Ogum e Xangô apresentaram-se na praia e imediatamente o enfrentamento começou.

Cada um ia pegando os búzios que achava. Vez por outra se entreolhavam.

Xangô cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. Ogum, calado, continuava a coleta.

O que Xangô não percebeu foi a aproximação de Iku.

Ao erguer os olhos, o guerreiro deparou com a morte, que riu de seu espanto.

Xangô soltou o saco da coleta, fugindo amedrontado e escondendo-se de Iku.

À noite Ogum procurou Xangô, mostrando seu espólio.

Xangô, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta.



                                                     








FÚRIA DO GUERREIRO



Ogum uma vez ao voltar de uma caçada não encontrou vinho de palma e zangou-se de tal maneira que irado subiu a um monte e gritou ferozmente do alto da montanha ou monte, cobrindo-se de sangue e fogo e vestiu-se somente com o mariwo, esse Ogum furioso chamado agora de Xoroquê, foi para longe para outros reinos, sempre furioso, guerreando, lutando, invadindo e conquistando.

Com um comportamento raivoso que muitos chegaram a pensar tratar-se de Exu zangado por não ter recebido suas oferendas ou que ele tivesse se transformado num Exu.

Antes que ele chegasse a Ire, um Oluwo que vivia lá recomendou aos habitantes que oferecessem a Xoroquê, um Aja, Exu, e muito vinho de palma, também recomendou que, com o corpo prostrado ao chão, em sinal de respeito recitassem os seus orikis, e tocadores tocassem em seu louvor. Sendo assim todos fizeram o que lhes havia sido recomendado só que o Rei não seguiu os conselhos, e quando Xoroquê chegou foi logo matando o Rei, e antes que ele matasse a população eles fizeram o recomendado e acalmaram Xoroquê, que se acalmou e se proclamou Rei de Ire sendo assim toda vez que Xoroquê se zanga ele sai para o mundo para guerrear e descontar sua ira chegando ate a ser considerado um Exu e quando retorna a Ire volta a sua característica de Ogum guerreiro e vitorioso Rei de Ire.




NA MESMA MOEDA
 

Conta o mito que Oiá disputava com o marido, Ogum o primeiro lugar em valentia.

Um belo dia, Oiá convocou todas as mulheres na tarefa de pregar uma peça no senhor da guerra.

Para isto vestiram um macaco com panos coloridos dos pés a cabeça e soltaram o animal no local onde Ogum costumava passar. Quando Ogum viu o monstrengo correu, para deleite de Oiá e das outras mulheres.

A façanha se repetiu por 3 dias, encarregando-se Oiá de espalhar o ocorrido.

Após o terceiro dia de susto Ogun resolveu consultar Orumilá, que o orientou a chegar no lugar dos fatos 2 horas antes do horário costumeiro e se escondesse na mata. Cumprindo o determinado pelo senhor da adivinhação Ogum colocou-se a espreita e viu todo o ocorrido com indignação.

Jurou vingança, furioso juntou os homens e deu o troco em Oiá e nas demais mulheres, com a mesma moeda.

Vestiu um macaco do mesmo jeito e esperou que elas chegassem. Não deu outra, elas saíram gritando de medo e como punição as mulheres foram excluídas de participar do segredo do culto dos Eguns.







PROFESSOR FERREIRO



Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade.

Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole.

Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa.

Era necessário plantar uma área maior.

Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura.

Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno.

Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido.

Do mesmo modo que Ossaim, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio.



Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno.

Os Orixás, admirados, perguntaram a Ogum de que material era feito tão resistente facão.

Ogum respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá.

Os Orixás invejaram Ogum pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra.

Por muito tempo os Orixás importunaram Ogum para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si.

Os Orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente.

Ogum aceitou a proposta.

Os humanos também vieram a Ogum pedir-lhe o conhecimento do ferro.

E Ogum lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua lança de ferro.

Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada.

Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho.

Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado.

Ogum se decepcionou com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los.

Então Ogum banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá permaneceu. Os humanos que receberam de Ogun o segredo do ferro não o esqueceram.







REI DE IRÊ


Quando Odudua reinava em Ifé, mandou seu filho Ogum guerrear e conquistar os reinos vizinhos. Ogum destruiu muitas cidades e trouxe para Ifé muitos escravos e riquezas, aumentando de maneira fabulosa o império de seu pai.

Um dia, Ogum lançou-se contra a cidade de Irê, cujo povo o odiava muito.

Ogum destruiu tudo, cortou a cabeça do rei de Irê e a colocou num saco para dá-la a seu pai. Alguns conselheiros de Odudua souberam do presente que Ogum trazia para o rei seu pai. Os conselheiros disseram a Odudua que Ogum desejava a morte do próprio pai para usurpar-lhe a coroa. Todos sabem que um rei deve ver a cabeça decapitada de outro rei.

Ogun não conhecia esse tabu.

Odudua imediatamente enviou uma delegação para encontrar Ogum fora dos portões da cidade.

Após muitas explicações, Ogum concordou em entregar a cabeça do rei de Irê aos mensageiros de Odudua.

O perigo havia acabado. Ogum fora encontrado antes de chegar ao palácio de seu pai.

Como Odudua queria recompensar o seu filho mais querido, presenteou Ogum com o reino de Irê e todos os prisioneiros e riquezas conquistadas naquela guerra.




RETOMADA

Odé é irmão de Ogum.

Num dia em que voltava da batalha, Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.

Ogum vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.

Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.

Ogum então ensinou Odé a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.

Odé aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil.

Ogum ensinou Odé a defender-se por si próprio e a cuidar da sua gente.

Agora Ogum podia voltar tranqüilo para a guerra.





Ogum como ferreiro era casado com Oiá, que o ajudava com o fole enquanto o mesmo fazia as ferramentas, ativa o fogo na forja.

Como ela levava as ferramentas para Xangô e com sua elegância e glamour, fez com que Oiá se apaixonasse por ele, ela o correspondia com olhares sensuais, acabando assim por fugir com o mesmo. Ogum revoltado pelo abandono de Oiá, resolveu vingar-se.

Olodumaré o fez com que lembrasse que era o Orixá mais velho e que era Pai de Oranian, Pai de Xangô e que perdoasse.

Porém Ogum contrariando tal ordem deixou dominar-se pelo ódio e pelo desejo de vingança e foi procurar os fugitivos.

Ao encontrá-los, Oiá atacou-o para defender seus ideais e os dois se atingiram um ao outro ao mesmo tempo.

A espada de Ogum partiu Oiá em nove pedaços e a espada de Oiá o atingiu cortando em sete, daí se tomou Ogum Megê (sete) e Oya tornou-se Iyamésan (a mãe transformada em nove) - que se liga a nove Orum.



TEMPESTADE



Oxaguian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguian pediu a seu amigo Ogum urgência, mas o ferreiro já fazia o possível.

O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo.

Tanto reclamou Oxaguian que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação.
Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente.

Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguian venceu a guerra.

Oxaguian veio então agradecer Ogum.

E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá.

Um dia fugiram Oxaguian e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria.

Quando mais tarde Oxaguian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá teve que voltar a avivar a forja.

E lá da casa de Oxaguian, onde vivia, Oiá soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguian da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava.

E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o chamou de vento.

E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum.

Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso tempestade.






TRANSFORMAÇÃO DOS ORIXÁS





Irocô era uma árvore, muito importante, importante a valer.

Olofin determinou que os orixás e Êres fossem cultuados pelos viventes, e eles saíram pelo mundo à procura de seus filhos com isto haveria a aproximação do mundo dos encantados com o das pessoas.

Irocô era muito cultuado e trabalhava muito, perto de onde estavam havia uma feira cheia de movimento, Irocô soprou e seu hálito em forma de vento que foi cair sobre a cabeça da moça que vendia na feira, a moça começou a rodar a rodar, a rodar e foi cair nos pés de Irocô, nascendo a primeira Locosi.

Isso quer dizer que Irocô chega no axé, chega para dançar e ficar.

Todos os orixás correram para o pé de Irocô, para uma grande junção, chegaram trazendo suas comidas prediletas:

XANGÔ > levou amalá.

OGUM>levou inhame assado.

ODÉ> levou milho amarelo.

OMULU>levou pipoca e feijão preto.

OSSAIM>levou farofa de mel de abelhas.

OXUMARÊ>levou farofa de feijão.

OXALUFÃ>levou milho branco.

OXAGUIÃ > levou bolos de inhame cozido.

ORUMILÁ>levou ossos.

BARÁ > chegou correndo e levou cachaça. Ajoelhou-se nos pés de Irocô e jogou 3 pingos no chão, cheirou 3 vezes e bebeu um pouco.

Neste momento IROCÔ transformou-se em árvore. OGUM em cachorro.

ODÉ em vagalume.

OMULU em aranha.

OXALÁ em lesma.

OXUMARÊ em cobra.

XANGÔ em cágado.

...e as comidas ficaram no pé da árvore.





VERDADE CRUEL



Ododuá chegando ao Àie, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído.

Orixalá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àie, com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de Ododuá para o Àie.

Quando Olófin retorna ao Àie, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba do povo yorubano com o título de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.

Durante todo este tempo, Ododuá que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ogum e uma filha de nome Ìsèdélè.

O tempo passa, e Ododuá, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ogum de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião.

Ogum, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido.

Ora, Lakanje era espólio de Ododuá, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ogum não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta.

Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Ododuá, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se.

Ogum nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.

Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ogum e metade branco, como a pele do albino Ododuá, revelando assim, a traição de Ogum para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Ododuá e Ogum, mas a principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido.